Arquivo mensal outubro 2014

porLucas Pavel

Camelo Urbano Reflexões: O que esperar do Governo

Passado o furor da eleição é hora de pensar no futuro. No que vai ser feito daqui para a frente. Os engarrafamentos gigantescos do dia a dia e a poluição nos lembram que é hora de mudanças. A presidenta Dilma venceu por uma margem mínima, como há muito tempo não se via. O  Brasil escolheu mudança sim, só que com o mesmo partido, muito provavelmente por medo de perder as conquistas sociais.

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Werther Santana

O discurso inicial após o resultado mostra a abertura para o diálogo. Nós da plateia só esperamos que esse discurso seja colocado em prática e estamos pagando para ver.

Essas promessas nos remetem a famosa fábula do escorpião e do sapo. Vamos torcer para que o sapo (nós), ao aceitar a “carona” do escorpião (o governo), não leve, ao longo do caminho, a ferroada fatal, que levaria ao afogamento de todas as esperanças de que esse governo vai ser de alguma forma diferente.

A verdade é que todos querem saneamento básico, saúde, educação, transporte, infra-estrutura e uma economia saudável. Mas, seria extraordinário, edificante e animador se o governo olhasse para a bicicleta como uma forma de melhorar a… saúde, educação, transporte, infra-estrutura e economia.

Captura de tela 2014-10-02 às 17.33.51Queremos ver mesmo é o investimento amplo e irrestrito em ciclovias e ciclofaixas, inclusive em áreas comercias e de trabalho. Redução do IPI das bicicletas e não dos carros. Expansão dos sistemas de aluguel de bicicletas e campanhas nacionais de incentivo ao uso desse transporte a instituição do  pedágio urbano.

É necessário obrigar as pessoas a deixarem o carro em casa. Seguir o exemplo de cidades como Amsterdam, Londres, Paris, Nova York. Isso, com certeza levaria o Brasil para um outro patamar -, um patamar que existe na Europa há muito tempo.

É tudo uma questão de tempo. Quanto mais tempo demorarmos a criarmos uma serie de infraestruturas cicloviárias mais crítico o problema dos longos engarrafamentos.

Captura de tela 2014-06-15 às 18.22.59Afinal, de que adianta investimento se a boa parte dele é destinado as áreas de lazer? Não queremos mais aceitar que apenas alguns lugares sejam uma exceção. Nós não temos ciclovias, temos uma trilha. Apenas alguns poucos lugares das cidades brasileiras são “TOP”.

O Governo não pode tratar a bicicleta como uma mera forma de lazer, passatempo. Enfim, algo pequeno… A liberdade e segurança de ir e vir por aí de bike tem ligação direta com a felicidade de cada cidadão.

 Acorda, Disney!

porLucas Pavel

Camello Urbano Reflexões: ENRIQUE PEÑALOSA, UM ARAUTO DA CICLOMILITÂNCIA

Em tempos de Brasil dividido, impasse não visto desde a redemocratização do país em 1989, o Camelo Urbano traz o exemplo de um político que colocou em evidência a mobilidade urbana e provou como o domínio pelo espaço público representa uma queda-de-braço eivada de sentidos plenamente políticos.Captura de tela 2014-10-28 às 07.22.46 Estamos falando de Enrique Peñalosa, prefeito de Bogotá, Colômbia, de 1998 a 2001, conhecido por usar medidas engenhosas e, para muitos, duvidosas para dissolver problemas crônicos em sua cidade. Dentre as principais mudanças, destacam-se três, não apenas pela sua eficácia, mas também pelas ideologias por trás delas.

  1. TRANSMILENIO

As famigeradas BRTs, tão em voga agora no Rio, já faziam parte das políticas de Peñalosa lá no final dos anos 90, que por sua vez tinham sua inspiração nos modelos de ônibus de Curitiba. Segundo Peñalosa, faixas expressas exclusivas para ônibus representam um ganho gigante para a população. De acordo com ele, as pessoas tendem a considerar o metrô e o trem transportes do futuro e associam o ônibus ao atraso, vendo-o como transporte de pobre. Na verdade, a indústria ferroviária movimenta milhões anualmente e esse tipo de visão atende perfeitamente aos interesses desses empresários. De nada adianta estendermos a malha subterrânea a limites exponenciais, se o trânsito sobre a terra não para de crescer nunca. Sem contar que o ônibus rápido é uma bela alternativa ao carro. Afinal de contas, num sistema democrático, têm mais direitos 100 pessoas dentro de um ônibus do que 1 indivíduo dentro de um carro.

  1. RESTRIÇÃO DE ESTACIONAMENTOS NO CENTRO DA CIDADE

Como salienta Peñalosa, o carro é um símbolo de ascensão social em diversos países do globo. Contra isso, não há o que se dizer, mas a questão é que os carros roubam espaço público das pessoas. Ou seja, carros são um golpe ao pensamento na coletividade. Nenhuma constituição do mundo prevê estacionamento obrigatório. A escolha pela cessão de espaços para estacionamentos é meramente uma questão de atitude. Precisamos lembrar que a cidade é feita para as pessoas e não para os seus carros. Quanto mais se restringe o uso do carro, mais ele perde poder. E para isso há diversas maneiras: sistema de rodízio, pedágio e, principalmente, o bloqueio das ruas para carros. Diversos foram os urbanistas europeus que transformaram ruas em calçadões. Embora tenham ganhado muita cara feia no início, principalmente por parte dos comerciantes, o resultado no final era sempre bom: com menos rua, há sempre menos congestionamento.

  1. 359KM DE CICLOVIA

Haddad, atual prefeito de São Paulo, quer entregar 400km de malha cicloviária até o fim do seu mandato. Faltam 279km. Peñalosa conseguiu forjar 359km em Bogotá. Mais uma vez, tudo se resume a uma questão de atitude. A construção de ciclovias é um poderoso símbolo da democracia, porque com ela, você diz que um cidadão com uma bicicleta de 30 dólares é tão importante quanto um cidadão com um carro de 30 mil. Além de tornar a cidade mais bonita, saudável e sustentável, o uso de bikes torna a cidade mais igualitária. Um rico e um pobre, mesmo que a diferença de preço das bikes seja gritante, quando se encontram na ciclovia, sentem-se iguais.

Países como Holanda e Dinamarca, mesmo com condições climáticas adversas, conquistaram a transição carro -> bike por um motivo simples: são sociedades igualitárias por definição. Elas acreditam na distribuição da renda. O desenho urbanístico de uma cidade sempre reflete os seus valores mais íntimos. Eles dão uma aula sobre a necessidade de destinar espaço nas ruas para a construção das ciclovias e melhor forma de posicioná-la!

O caminho mais idôneo da política sempre será no sentido de promover a igualdade, dissolver esquemas viciosos que só favorecem a pequenos grupos. Ou seja, tirar o excesso de peso de um lado para promover o equilíbrio da balança. Só assim uma sociedade pode ser feliz. Isso significa redistribuir a renda, chacinar oligarquias, trucidar coronelismos e totalitarismos. Só assim vamos diminuir as distâncias entre Norte & Sul, petrarcas e coxinhas, vermelho e azul.

Querendo ou não, quando voltamos de bike do trabalho, podemos economizar o dinheiro da passagem de ônibus ou  as despesas de um carro. No final do ano, sempre vai representar uma bela economia. O ciclista urbano representa o sujeito que não quer isolar-se num automóvel fechado e estressado no trânsito. Através desta prática fica mais fácil explorar diferentes bairros da cidade e encontrar atrações que poderiam  facilmente ser deixadas de lado em um automóvel, por falta de onde parar. De posse de seu transporte solitário e barato, ele desafia a lógica instaurada que sempre privilegia o material em detrimento do humano.

Axé!

porLucas Pavel

Camelo Urbano Reflexões: CICLISTAS LETÕES MOSTRAM QUANTO ESPAÇO BICICLETAS POUPAM

Às vezes, é preciso desenhar para que as pessoas entendam. Durante a Semana Europeia de Mobilidade Sustentável, esse grupo de ciclistas letões do movimento Let’s Bike It resolveu fazer um protesto bastante criativo. Motoristas da cidade de Riga ficaram espantados com aqueles andaimes ultracoloridos de bambu passeando pelas suas ruas.

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A ideia era mostrar que carros com apenas um ocupante utilizam muito espaço da via pública. A equação é simples: bike + andaime = carro. Ou seja, substituir carros por bicicletas gera menos trânsito.

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Trazendo para nossa realidade carioca, especialmente a Zona Sul da cidade, sempre carente de espaço, o protesto faz bastante sentido. Quem sabe o pessoal da Revolta do Vinagre não se inspira na ideia e resolve sair pela Rio Branco com essas gaiolas gigantes?

Fino perigoso

O protesto da galera da Letônia me faz pensar numa outra questão. Essas gaiolas, estando no cerne de uma disputa política por espaços urbanos entre ciclistas e motoristas, apontam para a  necessidade de proteção. Essas estruturas acabam também sinalizando uma distância ideal entre o carro e a bicicleta no trânsito.

Para os espertinhos de carro que gostam de “tirar fino” da galera de bike, é bom lembrar: o Código de Trânsito Brasileiro prevê uma distância mínima de 1,5m para passar ou ultrapassar a bicicleta. Aqueles que desrespeitam essa regra cometem infração média passível de multa. Seria bom que houvesse mais divulgação dessa lei para educar as pessoas.

A conjugação de uma campanha de educação eficiente aliada a construção de ciclofaixas e ciclovias seria um começo de uma era de mais segurança e respeito a bicicleta.

A bicicleta é um veículo como qualquer outro e nas ruas e estradas deve ser respeitada e vista como transporte de pequeno porte. Ou seja, todo cuidado é pouco porque uma trombada de carro pode levar o ciclista pro meio ou pra fora da pista e causar danos físicos impensáveis. Acontece que na prática a realidade é bem diferente e o ciclista ainda está sujeito a riscos.

A Camelo Urbano acredita que o ciclista é um cidadão político, inserido nas dinâmicas do espaço urbano como qualquer pessoa e, por isso mesmo, responsável e proativo na conquista desse espaço. O ciclista é sempre um ícone da mobilidade sustentável, sendo consciente ou não disso. Proteste, faça barulho, mobilize-se e pedale. Pedale bastante!

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