Andar de bicicleta em Pequim nunca foi uma questão de modismo ou luxo. A cidade, que atualmente conta com quase 20 milhões de habitantes, sempre foi conhecida como a capital das magrelas. No início, e talvez até hoje em dia, associa-se um pouco o uso de bicicletas à classe operária. No entanto, com o boom demográfico da capital chinesa, esse estigma deixou de fazer sentido. Pequim conta com ciclovias do tamanho de ruas – e até avenidas – para dar conta da movimentação diária, que é acachapante.
Todavia, com o grande crescimento econômico experimentado pela China, o carro passou a abocanhar fatias maiores no setor de transportes. Aliás, esse fenômeno é bastante comum no globo. As pessoas sempre associam ascensão econômica pessoal com o uso de carros. Por isso, Pequim passou a vivenciar um problema que assola qualquer cidade grande como Nova Iorque ou São Paulo: o congestionamento. Isso na China é um problema galopante, dado o número de pessoas que habitam o local.
O governo chinês, no intuito de refrear o retrocesso que o uso de carros passou a representar, começou a implantar medidas de fomento a transportes alternativos. Nesse contexto, apareceram as famigeradas e-bikes, também conhecidas como bicicletas elétricas. O aparelho, que utiliza baterias de lítio para impulsionar o eixo da roda traseira e eliminar em boa parte do trajeto a necessidade de pedalar, virou uma febre entre os jovens chineses por volta de 2011. Era o novo sonho de consumo entre a população, um novo gadget, por assim dizer, rivalizando em vendas até com os queridos smartphones.
O surto de gripe asiática de 2003 acabou por contribuir também para a revitalização das bicicletas em Pequim. Os chineses passaram a evitar o uso de meios de transporte de massa como o ônibus e metrô, pois eles eram focos propagadores da doença.
Pegando carona nessa repescagem das bicicletas, o artista Thomas Yang resolveu lançar a obra The Unforbidden Cyclist ( O Ciclista Não-Proibido). No trabalho, ele usa 11 pneus de bicicleta embebidos de tinta, que ele pedala em cima do papel. Nas palavras do artista, as bicicletas sempre estiveram impregnadas na cultura do país e a China sempre teve mais bicicletas que qualquer outro país. Embora as bicicletas tenham sempre sido associadas à classe trabalhadora, não fazendo parte do repertório das classes emergentes, o uso de bicicleta volta com todo gás agora.
Pra quem curte bicicletas ou a cultura chinesa (ou os dois), vale a pena conferir:
Para nós, brasileiros, fica o exemplo de um governo que soube agir de maneira eficiente diante de um problema que tem proporções gigantes mesmo em cidades menores que Pequim. E também o exemplo de uma classe artística que endossa essas políticas e dá muito bem o recado da mobilidade sustentável.
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