Camelo Urbano Reflexões: O papel da bicicleta para a mobilidade urbana e a inclusão social – Parte 3/3

porLucas Pavel

Camelo Urbano Reflexões: O papel da bicicleta para a mobilidade urbana e a inclusão social – Parte 3/3

Um breve roteiro para o planejamento

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O planejamento de um sistema cicloviário, em função do grau de inovação, deve antes de qualquer coisa levar em conta os seguintes conceitos desenvolvidos a partir da abordagem ambiental em função da escassez energética e da poluição.

Transversalidade: Um Programa dessa ordem deve ser amarrado, no caso de uma prefeitura além do gestor de transporte e trânsito no mínimo as secretarias de educação em função de programas de pilotagem defensiva, de saúde e de esportes em função de programas de condicionamento físico, alimentação adequada e de comunicação.

Sustentabilidade: Um programa desse tipo que agrega valores em termos de qualidade de vida tem que ser desenvolvido na sua implantação a partir da visão do ganho que a cidade terá em termos de redução da poluição e de uma matriz energética dos transportes com menor impacto no que diz respeito a combustível fóssil.

Também deve ser a possibilidade de um programa desse tipo se viabilizar financeiramente através de parcerias dentro da ótica da responsabilidade social, bem como através de unidades estratégicas de negócios como o bicicletário de Mauá (São Paulo) junto à estação da CPTM e operado, através de terreno cedido à título precário para uma associação de ciclistas. Hoje esse bicicletário recebe 800 bicicletas/dia a um custo por parte do usuário de R$ 7,00 / mês.

Controle social: É a participação da população, os ciclistas e a sociedade em geral a partir da capacitação de agentes multiplicadores que garantem o êxito de um programa com um grau de inovação tão grande como esse.

Esses são os pressupostos que garantirão a capacidade política de um programa como esse.

Ao mesmo tempo parte-se para o levantamento:

  • Do sistema viário;
  • Do sistema de transportes;
  • Dos pólos geradores de viagens.

A partir desse levantamento e da estimativa da população a ser atendida realizar um programa de pesquisas quantitativas e qualitativas, para finalmente definir o Programa Cicloviário em termos de formas de circulação (ciclovias, ciclofaixas e circulação partilhada), formas de sinalização (vertical, horizontal e semafórica), formas de estacionamentos (bicicletários e paraciclos) formas de identificação (marcas e cores) e sua área de abrangência.

Modelo de Gestão

O modelo de gestão de um Programa cicloviário deve ser ao mesmo tempo representativo e enxuto. Representativo no sentido de envolver elementos da transversalidade já citada, e enxuto no sentido de apresentar uma agilidade de implantar as medidas necessárias em termos de projetos e atividades e negociar com a iniciativa privada a implantação de unidades estratégicas de negócios como bicicletários e publicidade em mídias predefinidas nos mobiliários urbanos inerentes a um sistema cicloviário e a todo material impresso e eletrônico fundamental ao êxito de um programa desse tipo, sendo possível, no limite final, delegar essa gestão até para associações de ciclistas usuários desse sistema cicloviário.

A bicicleta e os cenários futuros

O posicionamento da bicicleta no futuro será conseqüência da opção do modelo de desenvolvimento que a sociedade brasileira escolher.

Existem três prováveis cenários que podem ser desenhados no futuro, sendo o primeiro:

Um cenário chamado padrão americano em que o mercado dita as regras onde existe uma preponderância do transporte individual (automóvel) sobre o coletivo, os investimentos são maiores no sistema viário que em transportes de massa definindo, como síntese urbana, cidades mais espalhadas com custos de transportes mais caros., nesse cenário a bicicleta terá no lazer seu mais forte apelo principalmente nas camadas mais altas de renda, para os menos afortunados ela terá seu forte apelo no transporte.

Um outro cenário principalmente em lugares de desenvolvimento apresenta -se em uma larga utilização da motocicleta e o transporte público é desregulamentado e atendido por operadores autônomos que, em muitos casos são ligados à atividades ilícitas.

Nesse cenário de cada um por si (Brasil), a bicicleta será utilizada de uma forma semelhante ao cenário americano, os mais ricos como lazer/esporte e os mais pobres como transporte, só que com risco maior até em função da situação de caos que é a visão de um cenário como este.

Um terceiro cenário – um cenário europeu – em que prevalece a preocupação social também em relação aos transportes com uma redistribuição de renda mais justa em que todas as políticas publicas são voltadas para o homem, à qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental, apresentando como síntese urbana cidades mais adensadas com custos de transportes menores.

É sem dúvida esse cenário que apresenta as maiores condições para o uso da bicicleta pois essa visão de cidade é inclusiva e sustentável.

A articulação em estações de transferências dos diversos modos de transportes, cada qual atuando em sua faixa de eficiência, se realiza em sua plenitude e com certeza é num cenário desse tipo que a bicicleta como instrumento de mobilidade e acessibilidade será mais eficiente, eficaz e agregadora.

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