Ecos desafinados para o “futuro” do carro

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Muito se fala sobre o futuro do automóvel. A humanidade já entendeu, embora não seja unanimidade, que a queima de combustíveis fósseis é o fator que mais afeta o tão temido aquecimento global e todas as suas consequências indesejadas. Digo que não é unânime porque ainda é possível se ver alguns ecos e esforços tecnológicos que pretendem revitalizar o automóvel tal como os enxergamos hoje em dia. E esses movimentos, quaisquer um deles, representam um retrocesso ao nosso ver.

Um desses ecos é o carro autônomo, ou seja, aquele que se dirige sozinho. Não está muito claro, ao nosso ver, o que motiva uma pessoa a ter um carro que não vai dirigir. Se o motivo é a liberdade ou a oportunidade de fazer outras coisas enquanto se está no carro, me parece que essa é a maior das irresponsabilidades que se pode conceber. Ora, se tantos acidentes de automóvel já acontecem diariamente com a presença de motoristas, o que se pode esperar se eles não estiverem no seu controle primeiro? Além disso, testagens desse sistema até agora têm se mostrado bem fatais. E o principal problema se mantém intacto: a poluição continua existindo.

Um segundo eco que encontra muitos repetidores é o carro elétrico. Supostamente limpo, ele acaba sendo a “opção ecologicamente correta” para muitos defensores do carro. Só que o que poucos sabem é que os mesmos gases e poluentes são emitidos nas usinas onde a eletricidade é produzida e usada para carregar baterias. Esse caminho, além de ser poluente, não diminui em nada o caos do trânsito das grandes cidades.

É muito assustador ver tantos esforços e tanta criatividade sendo desperdiçados para promover o “futuro” do carro. O carro não precisa de um futuro. O futuro dele já é certo, mesmo que não se faça nada. O verdadeiro futuro do carro é a bicicleta. Precisamos injetar criatividade para gerar soluções para a viabilidade da bike nas cidades. Isso sim é um bom investimento mental. E muitos esforços estão sendo feitos nesse sentido, como a Secretaria Municipal de Conservação do Rio que já está estudando a expansão das ciclovias em Sepetiba e ampliação das faixas no Recreio. Também se estuda o aumento das ciclovias no Centro. Sem falar do Plano Diretor Cicloviário, que vai analisar a demanda por novas rotas. Esses sim são exemplos de tentativas para promover um futuro viável do ser humano no planeta que habitamos.