OPORTUNIDADES PERDIDAS

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Para muitos, a magrela se resume a uma forma de lazer – o que é ok, pois é saudável, não polui, diverte, te faz conhecer sua própria cidade, etc. Para outros, é transporte mesmo: deslocar-se para o trabalho, passar de um bairro a outro, buscar os filhos na escola, levar o pet ao veterinário. E existe uma terceira categoria, os que resolveram utilizar a bicicleta como estratégia de economia. Exemplo: os diversos estabelecimentos em Copacabana que fazem entrega dos seus produtos (colchões, pizza, lavanderia) via bike. Estima-se que o bairro totalize 10 mil encomendas através da bicicleta por dia. Ora, é muito mais barato e prático que um caminhão por exemplo.

Dito isso, a conclusão é óbvia: motivos não faltam para os governos brasileiros explorarem o potencial cicloviário do nosso país. Mas parece que em vez de se ocuparem disso, eles têm mostrado uma negligência absurda e sistemática em relação ao tema bicicleta e mobilidade urbana. Diversas oportunidades de aprimorar a infraestrutura das ciclovias foram perdidas. Como por exemplo durante o boom econômico do governo Lula ou durante as Olimpíadas em que nada foi feito. E não vale contabilizar investimentos viciados (foco permanente na Zona Sul em detrimento do resto da cidade) ou desleixados (como a ciclovia aérea da Barra).

E as medidas para alterar esse quadro são bastante conhecidas e relativamente simples. É preciso gerar mais separação entre o trânsito e a área do ciclista, para que ele/a se sinta mais seguro para pedalar. É necessário instaurar velocidade reduzida nos bairros. E também é urgente levar em consideração a população que anda a pé (cerca de ⅓ dela): tem pouca faixa de pedestres, as ruas não têm rampas etc. Em outras palavras, falta garantir os direitos coletivos da população. E por incrível que pareça, apesar dessa falta de infraestrutura, o número de adeptos da magrela só aumenta.

As pessoas estão cada vez mais em busca da liberdade e bike simboliza muito bem isso. Elas querem cada vez mais ter acesso aos serviços, querem estar lá, testemunhar, compartilhar. Então será que seria pedir demais que esses serviços tivessem mais qualidade?